Questionar para que?

Perguntas, perguntas, perguntasO questionamento é o cerne do pensamento crítico, um ambiente onde a curiosidade intelectual é fomentada é aquele onde as perguntas são encorajadas. Para Jared Kushida, que ensina política global na KIPP King Collegiate, nos EUA ,”questionar” significa integrar um fluxo de perguntas durante a aula. “Eu raramente fico por mais de 30 segundos sem fazer uma pergunta, raramente paro nesta pergunta”, explica ele.

Pensar criticamente é uma coisa, mas ser capaz de ensiná-la é outra bem diferente. Katie Kirkpatrick, diretora de instrução no KIPP Collegiate School, desenvolveu um curso chamado Speech & Composition (discurso e composição), onde os participantes aprendem habilidades básicas de pensamento crítico. Os resultados tem sido tão positivos que ela agora engloba professores que desejam alavancar as habilidades de pensamento crítico em suas salas de aula também.

Como é o curso Speech & Composition?

É um treinamento de três horas gerado a partir do Modelo de Argumentação de Toulmin onde os participantes passam por todo o processo de escrever um argumento. A estrutura envolve três fases específicas:

  1. fase de pré-escrita envolve
    • destrinchar uma questão para entender o que a questão realmente significa;
    • fazer uma leitura atenta do texto ou de uma fonte de informação;
    • coleta de provas;
    • avaliação de provas.
  2. fase escrita consiste em compor o argumento e escrever usando os quatro componentes de um argumento no modelo de Toulmin:
    • reivindicação, que é a sua tese;
    • esclarecimento, que define o âmbito de seu argumento;
    • evidências para apoiar a afirmação;
    • justificativa, que é o raciocínio por trás de sua evidência, suportando a reivindicação.
  3. fase de avaliação envolve avaliar seu argumento com base em quatro critérios principais:
    • relevância;
    • precisão;
    • clareza;
    • especificidade.

Como os participantes transferem o que aprenderam em suas oficinas para suas salas de aula?

O primeiro passo é desenvolver as questões que vão abordar no seu cotidiano. Trabalhar de forma estruturada as questões cotidianas ajuda os participantes a compreender o conhecimento que estão aprendendo. Eles podem ver que o aprendizado na sala de aula vai ajudá-los a responder a esta questão essencial no final da unidade. Depois de estruturar as perguntas os participantes realizam os passos indicados acima.

Quais são os tipos certos de perguntas a fazer?

Para descobrir o que perguntar, é útil olhar para a Taxonomia de Bloom . Bloom começa com uma pergunta baseada no conhecimento, tais como: “Quem foi o primeiro presidente dos Estados Unidos?” Para responder a essa pergunta é necessário apenas conhecimento.

Mas este é apenas um primeiro passo. Em seguida é desejável que eles sejam capazes de avaliar, hora em que olhar para os níveis da Taxonomia de Bloom que envolvem a análise e avaliação do tipo de questões torna-se fundamental, trazendo como resultado a maior complexidade de pensamento. Por exemplo, se você perguntar, “Em que medida George Washington obteve sucesso como o primeiro presidente dos Estados Unidos?” isso é uma questão de nível muito alto, ela exige do aluno avaliar, para criar um conjunto de critérios sobre a o que faz de alguém um grande presidente, possuir conhecimentos sobre George Washington, e avaliar o seu desempenho em relação a esse conjunto de critérios.

Katie sugere que os professores realmente pensem sobre questões que atingem quatro critérios específicos.As perguntas devem

  1. ser abertas, sem nenhuma resposta certa ou errada, o que leva a exploração em direções diferentes;
  2. requer síntese de informações, uma compreensão de como as peças se encaixam;
  3. ser perpetuamente discutível, com temas que se repetem ao longo da vida dos participantes e sempre ser relevante;
  4. ser apropriadas para a idade do participantes.

Talvez não seja viável para todos dispor de tempo e dinheiro para matricular-se no curso de Katie Kirkpatrick, mas é interessante pensar em como os passos acima podem tornar mais instigante a função de conduzir as discussões durante uma sessão de capacitação.

Bom treinamento para todos.

Claudio Moreira

Para saber mais, http://www.edutopia.org


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