Daqui a dez meses, 20 jovens pernambucanos que antes não tinham perspectiva de conseguir emprego, moradores de áreas de risco social, estarão entrando no mercado de trabalho com o pé direito.
 Elquiênio da Silva, Tiago Siqueira Barros e Felipe de Lima participaram da aula-inaugural no Senai e já planejam o futuro na conclusão do curso. Foto: Helder Tavares/DP/D.A Press |
Até lá, eles terão concluído o curso de capacitação profissional em eletromecânica, uma parceria da Fiat com sua rede de concessionárias, a Universidade Corporativa Fiat (ISVOR), e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). As aulas começaram no último dia 26 e, ontem, os meninos receberam as boas-vindas em uma aula inaugural.
Filho e sobrinho de mecânicos, Tiago Gleibson Siqueira Barros, 18 anos, era só alegria. “Espero poder me dedicar ao curso e conseguir ser contratado”, diz Tiago, morador do Ibura. Além das aulas na Escola Senai Santo Amaro, os jovens terão a oportunidade de ver de perto como funciona e vivenciar a rotina de uma oficina eletromecânica. Serão 1.340 horas-aula no Senai e mais 200 horas em concessionárias da rede Fiat na Região Metropolitana do Recife. Tiago vai estagiar na Fiori, no bairro de Afogados.
O curso de capacitação profissional em eletromecânica é um dos “galhos” do Programa Árvore da Vida, idealizado pela área de responsabilidade social da Fiat. Desde 1997, mais de mil jovens já foram capacitados em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Pernambuco é o primeiro estado do Nordeste a receber o curso. Ainda este ano, está prevista a abertura de novas turmas em Brasília e no Paraná. A capacitação não representa garantia de emprego, mas todos os alunos costumam ser contratados.
“O curso não é feito de forma aleatória, mas baseado na demanda apresentada pelas próprias concessionárias. Felizmente, temos contabilizado 100% de contratação. Anos depois, pelo menos 85% continuam no mercado”, diz a coordenadora da área de relações com a comunidade da Fiat, Ana Veloso. Ela lembra que os alunos recebem uma capacitação “sob medida”, incluindo, além do estágio, visita às instalações da fábrica que a montadora possui em Betim (MG).
Colega de bairro de Tiago, Felipe Roberto de Lima, também de 18 anos, queria fazer um curso técnico em mecânica ou refrigeração após a conclusão do Ensino Médio. Mas não teve recursos. “Está difícil arrumar emprego. Meu pai está desempregado, minha mãe é empregada doméstica. Espero com esse curso adquirir experiência e permanecer trabalhando na concessionária”, depõe o garoto.
O curso é grátis e os alunos recebem, também gratuitamente, uniformes, alimentação, material didático e transporte. “Fora isso subsidiamos a obtenção da carteira de habilitação. Afinal, dirigir faz parte do dia a dia de uma concessionária”, explica Ana Veloso.
Para selecionar os jovens, a Fiat firmou uma parceria com o Movimento Pró-Criança, no Recife. Foram 80 os inscritos e 20 os selecionados, entre eles quatro meninas. Todos passaram por três etapas de seleção, uma com provas de português, matemática e redação, outra com teste psicotécnico e a terceira com dinâmica de grupo e entrevista.
Avisado por um primo que frequenta os cursos do Pró-Criança, Elquiênio José da Silva, 21 anos, logo tratou de se inscrever. “Sempre gostei de carros e motos. Quero seguir a carreira de mecânico e quem sabe até fazer uma faculdade de engenharia”, conta Elquiênio, que reside em Jaboatão dos Guararapes. Sinal de que esse curso não apenas traz uma oportunidade de emprego e renda – reacende as esperanças por uma vida melhor.
