Projeto propõe aprendizado individual; empresa desenvolveu jogo para Enem
Após apresentar programas que lembram games eletrônicos e aplicativos interativos, a empresa startup ‘Meu Tutor’, venceu a Olimpíada USP de Inovação, competição de âmbito nacional, na categoria Empresa Nascente. A empresa oferece tecnologias inovadoras no ramo do aprendizado.
De acordo com o criador da empresa, professor da USP de São Carlos Seiji Isotani, de 35 anos. O projeto foi realizado em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e faz uma avaliação da condição do aluno, gerando um programa só para ele, uma espécie de personal trainer educativo.
Atualmente, o jogo atende cerca de 5 mil usuários online e com o sucesso da olimpíada, o negócio atraiu mais jogadores. As pessoas que compram o jogo, pagam em média R$ 9,90/mês. A empresa tem sede em Alagoas e conta com oito sócios, todos especialistas em Educação.
O professor explica que o jogo apresenta três características. A primeira é gerar o programa exclusivo para o aluno, o segundo passo é o uso de alguns elementos dos jogos eletrônicos, já que não há aprendizado sem motivação. E o terceiro é a experiência social, pela interatividade. Ele destaca ainda que quando alguém consegue explicar um conceito de forma que o outro entenda, há uma interiorização maior do conteúdo. Isso também é o princípio do voluntariado.
Enem
Uma das propostas da empresa era criar um sistema focado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para isso, a solução é similar um jogo que disponibiliza aulas em vídeo e provas customizadas que podem ser acessadas de acordo com a disponibilidade de cada aluno. Há mecanismos de pontos, níveis, ranking e missões que vão sendo desbloqueados de acordo com o avanço no conhecimento. Além disso, os resultados podem ser compartilhados em redes sociais.
O professor diz que o objetivo da empresa é investir em outras frentes, já que ele percebe que um dos maiores problemas da Educação no Brasil está no ensino fundamental, e em breve estarão articulando para atuar nessa faixa etária. Ele ressalta que o Meu Tutor também oferece plataformas para a área corporativa, capacitando funcionários de empresas por meio de um processo “100% online”.
Explosão tecnológica
Para Isotani, o mercado de aplicativos e softwares educacionais tem crescido muito no Brasil, especialmente nos últimos cinco anos. De acordo com dados apresentados no estudo “Oportunidades em Educação para Negócios Voltados para a População de Baixa Renda no Brasil”, realizado em parceria entre as empresas Inspirare e Potencia Ventures, há um mercado potencial de R$ 60 bilhões para a educação, destacando que os cursos e objetos educacionais, como games e softwares, representam 78% desse mercado potencial.
O número de estudantes envolvidos nos projetos desenvolvidos pelo Laboratório de Computação Aplicada à Educação, reflete no crescimento do interesse em investir nessa área de pesquisa. Em 2011, havia cerca de quatro alunos trabalhando em pesquisas relacionadas a tecnologias educacionais. Hoje, são mais de 20.
Paixão
Desde pequeno Isotano se diz apaixonado pela educação. Porém, ainda na infância, uma miopia diagnosticada tardiamente comprometeu sua capacidade de aprendizado por anos. Quando passou a usar óculos, prometeu a si que iria se dedicar ao ensino. A partir daí, rodou vários países até chegar ao Brasil, mais precisamente a São Carlos (SP), onde trabalha desde 2011 como professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), na Universidade de São Paulo (USP).
Formado pela USP de São Paulo, Isotani fez doutorado no Japão e trabalhou dois anos na Universidade Carnegie Mellon, na cidade de Pittsburgh, no estado da Pensilvânia, EUA. No ano de 2007, enquanto participava de um congresso, conheceu o pesquisador Ig Ibert Bittencourt, professor da Ufal. Após conversas, os dois tiveram a ideia de criar o Meu Tutor, baseada em empresas já existentes no exterior.
Após projeto Meu Tutor, nome homônimo da empresa , vencer a Olimpíada USP de Inovação neste mês, a paixão do pesquisador por tecnologias educacionais virou orgulho.
Olimpíadas USP
A competição está em sua terceira edição e tem como objetivos estimular, reconhecer, apoiar e divulgar a criatividade e o empreendedorismo na comunidade USP, contribuindo para o incremento das atividades de ciência e tecnologia. Atualmente são abarcadas três categorias nas Olimpíadas USP de Inovação: Ideias Inovadoras, Prova de Conceito e Empresa Nascente.
Além disso, a competição também tem como objetivo divulgar as atividades de empresas nascentes brasileiras com negócios de forte apelo social, inovadores e baseados em ciência e tecnologia.
Fonte: http://www.bonde.com.br/