Investir nos processos de automação e mecanização das empresas, capacitar o trabalhador para torná-lo mais produtivo e resolver problemas de infraestrutura do país para proporcionar um ambiente de negócios favorável. Esses são alguns dos caminhos para a retomada do crescimento do país apontados pelo economista Ricardo Amorim, em palestra realizada ontem à noite, durante o primeiro dia da Feira Potiguar da Indústria. O evento segue até amanhã, no Centro de Convenções de Natal, na Via Costeira, e faz parte das comemorações pelos 60 anos da Federação da Indústria do Rio Grande do Norte (Fiern), promotora do evento.
Formado pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em Administração e Finanças Internacionais pela ESSEC de Paris, Ricardo Amorim integra o time de debatedores do programa Manhattan Connection, da Globo News. Na palestra de ontem, ele destacou para o empresariado potiguar o que aconteceu com o Brasil na última década, quais as oportunidades que surgiram após esse período e o que precisa ser feito para que o país retome o crescimento que obteve entre 2004 e 2010.
“O Brasil é um lugar que não pode dar certo. Na história do planeta, não tem um país que tenha crescido sem investir em línguas, ciências e matemática e o Brasil não está fazendo nada nessa área”, disse Amorim. “Por ano, a China investe 13% do PIB chinês em infraestrutura e o Brasil, 7,5%. Só que PIB da China é quatro vezes maior. E mesmo sem resolver os problemas em Infraestrutura, o PIB do país cresceu”, acrescentou.
A despeito do resto país, para Ricardo Amorim, a indústria do Rio Grande do Norte tem crescido mais que a média brasileira. Mesmo assim, ele acredita que o cenário econômico nacional está mais favorável para o comércio do que para a indústria. “Com uma carga tributária excessiva, baixo investimento em infraestrutura e um ambiente de negócios desfavorável, o crescimento da indústria e da economia brasileira como um todo ficam atravancados. Mas na região Nordeste, o crescimento tem sido acima da média nacional e a previsão é de que não desacelere nos próximos anos”, avaliou.
Amorim defendeu que esse processo está ligado ao aumento do poder de comprar do brasileiro que, impulsionado por programas governamentais como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, tem propiciado um estímulo à economia da região, assim como no Norte e no Centro-Oeste.
O economista destacou também que inovar é mais importante nesse momento porque se a indústria brasileira não tiver produtos melhores, deverá perder espaço para indústria de fora, que já não consegue vender para países ricos, em crise, e acabam vindo para cá.
Por outro lado, ele acredita que o Brasil tende a retomar o crescimento. “A Índia é a china de amanhã: tem uma população enorme, paupérrima e rural, metade dela migrando para as cidades. Isso vai gerar uma explosão de procura por recursos minerais, o que é bom para o Brasil”, disse. “Estamos tendo uma chance sensacional, mas que provavelmente não vai se materializar se não cuidarmos dos problemas estruturais”, completou.
Fonte: http://tribunadonorte.com.br