Acontece às vezes, ao sair de um programa de treinamento, você experimenta a euforia de ter adquirido novos e relevantes conhecimentos. O facilitador era ótimo, foram usadas dinâmicas criativas, telas de powerpoint corretamente aplicadas, com pouco texto e elementos de aprendizagem que favoreciam os visuais, os auditivos e os cinestésicos. Perfeito, porém após alguns dias de volta à rotina, você sente grande dificuldade de resgatar os conhecimentos adquiridos e aquela excelente sessão de treinamento passa a não fazer diferença na sua trajetória profissional. Por que isso aconteceu?
Hermann Ebbinghaus, um psicólogo que foi pioneiro estudos experimentais da memória, demostrou que as pessoas costumam esquecer 90% do aprendizado em sala de aula dentro de 30 dias, alguns esquecendo dentro de algumas horas após a aula. Os programas de formação atual é bem projetado para permitir que o usuário adquira novos conhecimentos, mas pouco adequado para quando o usuário retorna ao local de trabalho e tem de aplicar este conhecimento.
Isso pode mudar? sim, pode.
Em primeiro lugar é salutar saber porque aquele programa de treinamento foi contratado e o motivo pelo qual as pessoas foram convidadas à participar. Em várias empresas, os programas de capacitação começam a ocorrer em grande quantidade no segundo semestre, não porque a necessidade de aumento de capacidade se mostrou urgente, mas porque o budget de treinamento precisa ser aplicado, senão surgirão problemas para a confecção do orçamento ano seguinte. E na esteira desta operação, contratam-se programas que abordam competências que nem sempre são as necessárias e convocam-se pessoas que nem sempre irão usá-las. Adultos aprendem melhor quando compreendem porque estão aprendendo determinado assunto. Ponto pacífico, contrate ou desenvolva os treinamentos estritamente necessários e convide as pessoas que realmente farão uso dos novos conhecimentos.
A quantidade de informação disponível no mundo dobra em períodos de tempo cada vez menores, ainda não somos capazes de absorver e armazenar 1/3 desta fantástica produção. Muitos facilitadores ficam tentados à entregar doses enciclopédicas de conhecimento num programa de treinamento, acreditando que serão lembrados como grandes conteudistas, repetindo assim um padrão de atuação que vimos na escola em nossa tenra infância, quando tínhamos que absorver enormes quantidades de informação. O passar dos anos nos mostrou que saber todos os afluentes do lado esquerdo e do lado direito do Rio Amazonas não fez a mínima diferença nas nossas vidas. Um bom facilitador utiliza quantidades moderadas de informação relevante e cria conceitos chave que são mais facilmente apreendidos pelos participantes. Conceitos chave podem ser sacados da memória em momento de necessidade e serão muito mais úteis do que um caminhão de informações.
Por fim é sempre interessante possuir algum material que tangibilize o treinamento, que torne aquele conhecimento acessível à qualquer momento. Job-aids são um excelente ferramentas que ajudam muito na aplicação do conhecimento.
Facilitar o acesso ilimitado ao conhecimento e sua aplicação fará uma grande diferença na sensação de utilidade de seu programa de capacitação. Planeje suas estratégias de fixação e mão à obra!
Claudio Moreira